O papel da comunicação é transmitir uma mensagem e a do publicitário é criar essa mensagem de forma clara e vendável. Mas serão apenas essas as suas atribuições? Existiriam variáveis nesta descrição? Algo além da mensagem e da venda? Como a responsabilidade de passar o conteúdo dessa mensagem adiante e a responsabilidade de criar a necessidade em cima de algo onde não exista necessidade?
Um assunto abordado nas aulas da faculdade de publicidade é a diferença entre desejo e necessidade. Em comunicação/marketing desejo e necessidade estão intimamente ligados e, muita vezes, o que os profissionais dessas áreas mais querem é transformar um produto que é apenas um anseio em algo em que não se vive sem. Um exemplo clássico são os celulares: o desejo de se comunicar, de estar acessível a qualquer momento, se transformou em uma necessidade. Poucos são os que vivem sem smartsphones atualmente.
Será que precisamos repensar a forma de nos comunicarmos, de vender e obter lucro?
Infelizmente, por causa de uma comunicação mal explorada e manipuladora, vemos os valores se inverterem: ter é mais importante do que ser.
Você é pelo o que tem ou pela forma de pensar e agir? Muitos acreditam que por comprarem um telefone recém lançado nas lojas, estão acima dos “meros mortais”. O cenário que temos é de um objeto divulgado como indispensável, moderno e único, tendo suas “qualidades” transferidas para seus compradores, carentes de entendimento de valores reais.
Qual o papel que a comunicação pode desempenhar em nossas vidas de uma maneira mais positiva ?
A comunicação é uma ferramenta que também pode ser usada para o bem e é isso que venho explicar aqui. Há muitos anos atrás, quando entrei na faculdade, sempre pensei no poder que uma mensagem, passada da forma correta, tem. Como pode atingir as pessoas e fazê-las repensar suas opiniões e até melhor: hábitos!
Alguém que deixa de assumir uma postura conformista começa a se enxergar como parte do problema, encontra uma solução e age, torna-se produtiva. São de pessoas assim que o mundo precisa. Isso sim é uma necessidade!
Problema é o que não falta, certo?
Seja no âmbito social ou ambiental, estamos cercados deles. Meu papel como comunicóloga consciente é transmitir o bem, inspirar transformações e ações dignas de reconhecimento, e a comunicação pode me ajudar a alcançar esse objetivo.
Já existem algumas definições para o que descrevi acima, Kotler – considerado por muitos o guru do marketing – nomeou de marketing social. Eu gosto de chamar de comunicação sustentável.
Ser sustentável é aproveitar o que o mundo nos oferece sem comprometer a disponibilidade para as futuras gerações. Então, comunicação sustentável é utilizar as informações úteis disponíveis, passá-las adiante pensando sempre no bem comum e tendo como foco o impacto que a mensagem irá gerar agora e futuramente, sabendo que poderá ajudar a criar ou manter resultados positivos que darão continuidade a uma sociedade cada vez melhor.
No meu ponto de vista, trabalhando como gerente de comunicação de uma ONG que tem como missão promover a educação ambiental, comunicar é ser sustentável, pois envolve a conscientização de terceiros e consequentemente a preservação para futuras gerações.
Portanto, o preconceito ligado às áreas de marketing e comunicação que, muitas vezes, são vistas como fúteis, precisa ser repensado. Existem profissionais produzindo para o bem, que fazem a diferença.
Isso precisa ser transmitido visando às pessoas interessadas em seguir o mesmo caminho. Eu quero fazer parte de uma rede de comunicadores do bem, espero que ela cresça cada vez mais. A união que reforça o conjunto e quanto mais colaboradores pensando assim, maior a chance de termos um futuro melhor e mais sustentável.
Thais Braga
Gerente de comunicação e projetos da SUSTENTARTE. Graduada em Comunicação Social pela FACHA e pós-graduada em Marketing pela ESPM-RJ.
Fonte da imagem de capa: alliance comunicacao